O que suas emoções têm feito por aí?

17/04/2025 às 14h09

Rafaela Martins Oliveira - Psicóloga CRP 07/40632

Rafaela Martins Oliveira - Psicóloga CRP 07/40632

Graduada em Psicologia pela UNISINOS. Psicóloga que realiza atendimentos on-line e presencial

O que suas emoções têm feito por aí?
O que suas emoções têm feito por aí?


Sempre que falamos em saúde mental, falamos também de autoconhecimento. E autoconhecimento não é só uma ideia bonita que virou moda %u2014 é, na prática, entender como a gente pensa, sente e se comporta. E é justamente aí que entram as emoções.
Talvez você já tenha se sentido assim: Com uma vontade imensa de chorar, gritar ou se isolar, mas sem conseguir explicar o motivo. Ou talvez você tenha tentado ignorar uma emoção, seguir em frente, fingir que está tudo bem. Se identificou? Então esse texto é pra você!
As emoções não aparecem à toa. Elas são como sinais de trânsito no nosso caminho: sinalizam quando algo está indo bem, quando precisamos parar ou quando algo não está certo. Emoções como tristeza, raiva, medo ou frustração %u2014 por mais desconfortáveis que sejam %u2014 estão tentando nos avisar algo. Mas nem sempre aprendemos a escutar. Muitas vezes, aprendemos a calar, a ignorar esses sinais ou simplesmente a seguir em frente sem entender o que ficou pra trás.
E isso tudo tem um custo: a gente acumula o que sente. Engole o choro, engole a raiva, engole o medo%u2026 até que o corpo começa a falar. E, quando ele fala, geralmente fala alto. A boa notícia é que existem algumas estratégias simples que podem ajudar você a se aproximar das suas emoções:
1.Pare por um instante. Respire fundo. Três vezes, devagar.
2.Pergunte a si mesmo: O que eu estou sentindo agora? Tente encontrar uma palavra: medo, raiva, frustração, tristeza, ansiedade, vergonha, alegria%u2026
3.Observe o impacto: Onde esse sentimento aparece no corpo? Como ele afeta meu comportamento?

A prática de identificar e nomear o que se sente ativa áreas do cérebro ligadas ao autocontrole e à tomada de decisões. Isso ajuda a reduzir a intensidade das emoções e favorece a autorregulação, permitindo que o corpo saia do estado de alerta e retorne ao equilíbrio.
O mais importante de tudo isso é lembrar: o que sentimos por dentro, reflete por fora. Você já percebeu como, quando estamos irritados, tendemos a falar mais seco com os outros? Ou como, quando estamos tristes, nos afastamos das pessoas? Nossas emoções não ficam só dentro de nós %u2014 elas aparecem nas atitudes, nos silêncios, nas reações com quem está por perto. Por isso, entender o que sentimos não é só um cuidado com a gente. É também um cuidado com as nossas relações.
A gente não controla o que sente %u2014 mas pode escolher o que faz com o que sentimos. Ou seja, você não precisa evitar suas emoções, mas pode escolher como se comportar diante delas. Por mais intensas que pareçam, as emoções são temporárias. Elas passam.
Mas, para que isso aconteça, é preciso desenvolver algumas habilidades: atenção plena aos momentos, compreensão do próprio funcionamento emocional, cognitivo e comportamental, e %u2014 talvez o mais importante %u2014 gentileza consigo mesmo.
Emoção sentida é emoção cuidada. Não existe fórmula mágica. Mas existe um caminho possível. E ele começa quando a gente decide se escutar. Então, da próxima vez que uma emoção bater, não se apresse em ‘superar’. Dê espaço. Dê nome. Dê atenção. Porque às vezes, tudo que precisamos é acolher as emoções.
E aí%u2026 emoções são só uma besteira? Ou é melhor aprender a regular antes que elas dominem você e comecem a trazer prejuízos pra sua vida? Pense sobre isso!

Referências:
LEAHY, Robert L. Não acredite em tudo que você sente: identifique seus esquemas emocionais e libertese da ansiedade e da depressão. Trad. Marcelo Hauck. 1. ed. São Paulo: Artmed, 2021.
HOFMANN, Stefan G. Emoção em terapia: da ciência à prática. Trad. Fátima Murad. 1. ed. São Paulo: Artmed, 2021.