O que nos torna maduros?

Há algum tempo venho escutando que maturidade não se adquire com o tempo. Existem pessoas maduras e imaturas com bastante idade. Creio que sim existem pessoas que pouco amadurecem com o tempo e pessoas que muito amadurecem com o tempo.

Percebo que quanto mais passamos pelas situações e desafios que a vida nos imputa, mais temos a chance de evoluir. A forma como lidamos com estes desafios tem relação com esse amadurecimento. Realizar os mesmos caminhos mesmo vendo não serem os melhores, os mais apropriados tem relação com certa imaturidade.

Existe um ponto nevrálgico a ser levado em consideração quando falamos em decisões maduras: o tempo. Quem se abre para aprender e se melhorar com o tempo, certamente amadurece muito. E esse amadurecimento vem com o passar dos anos. O tempo da paciência, do plantio, do cuidado e depois da colheita.

A maturidade tem relação com constância e equilíbrio, com dedicação profunda pelo que se quer realmente, sabendo do empenho que se empregará para isso. A constância, aquele tijolinho de todo dia, diz muito sobre isso. Esse tijolinho de todo dia leva a uma bela construção com o tempo.

Agora a inconstância, e a falta de rotina que incorpore o movimento em prol do que se quer levam para uma vida desequilibrada e sem resultados. A busca por soluções imediatas vende muito livro, muita técnica, muita receita de dieta milagrosa e de como ficar milionário em alguns passos. Basta ver alguns dos meios pelos quais a mídia e as redes se valem para buscar mais pessoas.

A dieta de dez dias que seca a barriga pode funcionar se feita à risca, mas e a saúde como fica? E a constância de uma alimentação saudável? Encontre a pessoa certa que vai te valorizar por completo e te fazer feliz. E você valoriza as pessoas que estão ao seu redor ao longo do tempo? Da mesma forma, buscar o segredo para enriquecer rapidamente. Veja que quando se vende a premissa do ‘segredo’, seja para emagrecer, seja para enriquecer, seja para conseguir o que se quer, muitas pessoas se interessarão pelo resultado imediato, para evitar a fadiga e o esforço. O esforço de se cuidar todos os dias de quem nos é importante. O esforço de manter uma rotina saudável. O esforço de empreender e se dedicar na profissão. Maturidade não é escolher o que é melhor na hora, mas fazer boas escolhas para a vida e ao longo dela. Buscar colheita sem plantio, sem a manutenção, sem cuidado constante é imaturo para não dizer infantil.

A criança gosta de soluções imediatas, nós adultos também gostamos, porém a maturidade nos coloca em uma condição de pensar se o que queremos naquele momento é realmente o melhor. Já diria Renato Russo: disciplina é liberdade. Uma vida desregrada e um susto, seja pela saúde, seja por dívidas, seja por dificuldades nos relacionamentos fazem mudar. Aqui muitos têm a oportunidade de amadurecer, ou seja, de mudar para a vida e não mudar somente pelo momento de crise. Mudar, ou melhorar seu caminho não por fuga ou socorro divino, mas por buscar uma direção melhor.

E para finalizar, existe um ponto muito importante quando falamos em decisões maduras: é a convicção de estar fazendo o que intimamente se acha melhor de acordo com os próprios princípios. Deixar-se levar pela multidão anula toda a riqueza de sabedoria adquirida ao longo do tempo, e isso merece ser levado em consideração. Não assumir uma posição, viver pulando de galho em galho, ir atrás de algo ou alguém como se a solução do problema fosse externa em vez de interna é de uma imaturidade tremenda. Muitas vezes não é fácil firmar uma posição quando estamos decididos, e para isso damos a cara à tapa. São muitas as provações. Não é fácil pensar, ponderar e refletir em meio às tentações que se apresentam diariamente à nossa volta, mas é possível e muito valioso. Trata-se do valor de cada tijolo que ergueu nosso templo de sabedoria.